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História da tradição do Carnaval das Moitas de Rio Bonito de Lumiar

Há várias formas de curtir o Carnaval. Em Veneza os bailes de máscaras, que no passado ocultavam os nobres festejando junto ao povo, são uma tradição secular, e acontecem com grade expectativa até os dias de hoje.  No Rio de Janeiro há a agitação dos blocos de rua centenário, e escolas de samba com grandioso desfile de alegorias. No norte e nordeste temos as danças típicas como o frevo e o maracatu. Mas o que pouca gente sabe é que as festas de municípios e vilarejos do interior  também possuem festejos especiais e culturais, permeados de tradição e que permitem às pessoas conhecerem novas formas de se divertir.

Segue abaixo uma interessante matéria escrita por Ana Borges publicada no jornal  friburguense “A Voz da Serra” em 2017.

A criatividade das fantasias do folião de Rio Bonito de Cima-Lumiar

Na exposição “Palhaços de Rio Bonito”, a história de uma tradição
SEXTA-FEIRA, 24 DE FEVEREIRO DE 2017
POR ANA BORGES
Todo ano eles fazem tudo igual. Nem por isso, enjoa, perde o interesse ou fica monótono. É tradição, e como tal, se repete sempre, desde os anos 1980. É o chamado Carnaval da Moita, realizado pelos moradores da região de Rio Bonito de Cima, em Lumiar.
Foto: Regina Lobianco
“Festa atrai turistas e moradores revivem a brincadeira todos os anos.”

Fingindo-se de homens selvagens, os foliões saem às ruas, se embrenham pelas matas, moitas e esquinas, se escondem pelos cantos da rua principal, para se divertir assustando as pessoas que se programam justamente para participar da brincadeira. É uma autêntica farra carnavalesca, que entra pela madrugada.

Cobertos dos pés à cabeça, com plantas e folhas de várias árvores, e máscaras feitas de sacos de todos os tipos enfiados no rosto, eles capricham no visual para não serem identificados. Além do anonimato, outra regra desta folia inusitada é que ninguém pode se negar a dar bebida aos fantasiados.
E eles têm o cuidado de se esconderem atrás dos canudinhos para matar a sede ou se entregar à bebedeira com “água que passarinho não bebe”, como gostam de dizer: seja cerveja, cachaça, refrigerante, refresco ou água natural, todas são consumidas com canudinhos para evitar qualquer pista que os revele. E não pagam as bebidas. Diz a lenda que quem cobrar ou se recusar a dar, será amaldiçoado. E eles se aproveitam!
Não bastando tudo isso, entre todos os atrativos locais, friburguenses e turistas também vão poder conferir as cenas descritas acima nos registros da fotógrafa Regina Lo Bianco, com direção de arte de Bete Almeida. As fotos podem ser apreciadas na exposição “Palhaços de Rio Bonito”, nos fins de semana, no Bar Nossa Senhora de Nazaré, no centro de Rio Bonito.
Desde priscas eras
O uso de plantas para a confecção das fantasias surgiu na Idade Média, para celebrar os bons resultados nas safras e colheitas. O evento era celebrado com festas em torno das fogueiras, e as roupas feitas de folhas, flores e plantas colhidas nas matas, plantações, florestas. É nessa antiga tradição que se baseia o carnaval de Rio Bonito de Cima.
A oferta de matéria-prima para criar peças e objetos, na zona rural, nunca foi problema para os nativos. Está tudo lá, generosamente disposto pela diversificada natureza, enriquecida com o que ainda resta de Mata Atlântica. Utensílios e objetos de arte sempre fizeram parte do cotidiano das pessoas que têm o privilégio de viver naquele pedacinho de paraíso localizado naquela região.
Quem quiser conhecer melhor o lugar, pode fazer caminhadas e aproveitar para tomar banho de rio. Em seguida, beber uma cervejinha gelada, se deliciar com os saborosos petiscos nos barzinhos locais, e prosear com o povo do lugar. Sempre se ouve boas histórias.

O acesso mais utilizado para Rio Bonito é via Galdinópolis, na RJ-142, no trecho Mury-Lumiar. Para quem busca tranquilidade, segurança e contato com a natureza, Rio Bonito é uma excelente opção para este fim de fevereiro.

Abaixo fotos do Carnaval em Rio Bonito no ano de 2016:

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